Economia Bancária

Os elementos da história de sucesso dos Medici (veja aqui) correspondem a três conceitos econômicos bem relevantes para os bancos atuais. O primeiro é "economias de escala". É caro um indivíduo elaborar um só contrato de empréstimo jurídico, mas um banco pode redigir mil contratos por uma fração do custo "por contrato". Negociações em dinheiro (aplicações monetárias) são boas para economias de escala. O segundo é "diversificação do risco". Os Medici reduziram o risco de crédito ruim espalhando seus empréstimos geograficamente. Além disso, como os sócios menores dividiam lucros e perdas, eles deviam emprestar com sensatez - na verdade, assumiam alguns riscos dos Medici. O terceiro conceito é a "transformação de ativos". Um comerciante quer depositar ganhos ou pedir dinheiro emprestado. Outro quer um lugar seguro para guardar seu ouro, de onde ele possa retirá-lo rápido, se necessário. Outro ainda quer um empréstimo, o que é mais arriscado para o banco e pode imobilizar o dinheiro por longo tempo. Então o banco se pôs entre as duas necessidades: "tomar empréstimos no curto prazo, fazer empréstimos no longo". Isso atendia a todos - o depositante, o devedor e, claro, o banco, que usava os depósitos de clientes como dinheiro emprestado ("alavancagem") para multiplicar lucros e ter um alto retorno sobre o capital investido dos proprietários.
No entanto, essa prática também tornava o banco vulnerável - se um grande número de depositantes exige o dinheiro de volta ao mesmo tempo (em uma "corrida ao banco"), o banco talvez não seja capaz de fornecê-lo, porque terá usado o dinheiro dos depositantes para fazer empréstimos de longo prazo e mantém apenas uma fração da quantia dos depositantes em dinheiro vivo. Esse risco é calculado, e a vantagem do sistema é fazer a ligação entre poupadores e tomadores de empréstimo.
O financiamento do comércio internacional era um negócio de alto risco na Europa do século XIV. Envolvia tempo e distância e, por isso, sofria do que se chama de "problema fundamental da troca" - o perigo de que alguém fuja com a mercadoria ou o dinheiro depois de feito o acordo. Para resolvê-lo, criou-se a "letra de câmbio", papel que comprovava a promessa do comprador de pagar pelos bens em determinada moeda, quando chegassem. O vendedor das mercadorias também podia vender a letra imediatamente para arrecadar dinheiro. Os bancos mercantis italianos tornaram-se hábeis com as letras de câmbio, criando um mercado monetário internacional.
As letras de câmbio, como esta, passaram a ser os cheques bancários comuns
Ao comprar a letra de câmbio, o banco assumia o risco de o comprador das mercadorias não pagar. Portanto, era essencial para o banco saber quem tinha propensão para pagar e quem não a tinha. Os empréstimos - e as finanças em geral - requerem um conhecimento especial qualificado, pois a falta de informação (chamada "assimetria de informação") pode causar sérios problemas. Aqueles com menor probabilidade de pagar são os que têm maior probabilidade de pedir empréstimos - e, depois de o terem recebido, ficam tentados a não pagar. A função mais importante do banco é a sua capacidade de emprestar com sensatez e depois monitorar os tomadores para evitar o "risco moral" - sucumbir à tentação de não pagar o empréstimo.
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