Bolhas Econômicas

Em 1841, o jornalista escocês Charles Mackay publicou Ilusões populares e a loucura das massas, clássico estudo psicológico dos mercados e do comportamento irracional das pessoas em "manada", O livro aborda alguns dos exemplos mais famosos de especulação frenética na história, como o da tulipomania (anos 1630), o Plano do Mississippi de John Law (1719-20) e a Bolha dos Mares do Sul (1720).
A hipótese de Mackay era que as multidões, ao agir num delírio coletivo de especulação, podem fazer os preços subir bem além de qualquer valor intrínseco que os produtos tenham. Quando os ativos sobem sem controle, ocorre a bolha econômica, na qual os preços sobem, mas se tornam cada vez mais instáveis - e a bolha estoura, como as de verdade.
A tulipomania holandesa dos anos 1630 é um dos exemplos mais antigos e notórios de uma bolha econômica. No início do século XVIII, as tulipas de Constantinopla ficaram muito populares entre os ricos da Holanda e da Alemanha, e logo todos as queriam. Achava-se que elas dessem riqueza e sofisticação a quem as tivesse, e a classe média holandesa ficou obcecada pelas variedades raras. Em 1636, a procura de espécies raras de tulipa cresceu tanto que elas eram negociadas na Bolsa de Amsterdã.
Muitos ficavam ricos de repente. Uma isca dourada atraía as pessoas tentadoramente, e todos - de nobres a criados - correram para os mercados de tulipas, imaginando que a paixão por essas flores seria eterna. Mas, quando os ricos pararam de plantar tulipas no jardim, diminuiu o encanto delas, e as pessoas perceberam que a loucura não podia continuar. A venda passou a ser frenética, a confiança naufragou e o preço das tulipas despencou. Para quem tomara dinheiro emprestado para investir, foi um desastre.
Gráfico que mostra o preço da tulipa em florins entre o anos de 1636-37.
O economista americano Peter Garber disse que os especuladores nessas situações compram um ativo com pleno conhecimento de que o preço está bem acima de qualquer "valor fundamental", mas o fazem por esperar que os preços subam mais antes de desabar. Como os preços não podem subir para sempre, o caso envolve a crença irracional de que "o cara para quem eu vou vender é mais burro [do que eu] e não vai ver o baque chegar". Todavia, Garber acha que às vezes há motivos reais por trás das altas de preços - como a moda na França de as mulheres usarem tulipas raras no vestido. Mas, em qualquer bolha, o conselho se repete: "O comprador que se cuide".
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